ATA DA
TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUINTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA
LEGISLATURA, EM 19.02.1987.
Aos dezenove dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Terceira Reunião Ordinária da Quinta Comissão Representativa da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Raul Casa e Werner Becker, Titulares, e Aranha Filho, Getúlio Brizolla, Paulo Satte e Kenny Braga, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Segunda Reunião Ordinária, que foi aprovada. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 42/87, da Assessoria de Assuntos Parlamentares do Ministério da Saúde; 35/87, do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; 106/87, do Secretário da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul; Carta do Diretor Geral do Diário do Sul; do Prefeito Municipal de Campo Bom; Cartão do Secretário da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul; da Secretaria Particular do Palácio do Planalto; Telegrama do Ministro de Minas e Energia, Sr. Eng.º Aureliano Chaves de Mendonça. A seguir, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Brochado da Rocha, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÕES, O Ver. Raul Casa falou sobre os problemas que atualmente são observados na CEEE e CRT, solicitando maior atenção do Governo do Estado com o assunto. Congratulou-se com o Prefeito Alceu Collares por assinar vantagens ao funcionário público municipal, com referência aos avanços por tempo de serviço trazido de fora do Município. O Ver. Isaac Ainhorn discorreu sobre o trabalho realizado pelo DMLU, em especial no que se refere ao recolhimento do lixo não-doméstico. Comentou a possibilidade de criação de um serviço de “Pronto-lixo” que permitiria a contratação emergencial, por aquele Departamento, de caçambas para a limpeza de Porto Alegre. O Ver. Hermes Dutra, tecendo comentários acerca dos reais objetivos das empresas estatais, discorreu sobre as empresas deste tipo existentes no Rio Grande do Sul, questionando os motivos da precária situação financeira de grande número delas. O Ver. Frederico Barbosa congratulou-se com o Governador Jair Soares e a diretoria da CRT, pela melhoria dos serviços telefônicos do Lami, salientando os benefícios que isso trará àquela comunidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Ver. Werner Becker discorreu sobre o Substitutivo de sua autoria apresentado ao Projeto de Lei do Executivo que alterava o PDDU, comentando oposição exercida contra ele pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Ainda, em COMUNICAÇÕES, o Ver. Antonio Hohlfeldt falou do anúncio feito, ontem, pelo Prefeito Alceu Collares, de um reajuste salarial de 25% ao funcionalismo municipal, a iniciar sua vigência em março, analisando o assunto. Criticou a forma como a AMPA vem dirigindo a luta pelos direitos dos servidores do Município. Ainda, em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Braz registrou visita feita, ontem, ao Prefeito Municipal, juntamente com um grupo de camelôs do Centro da Cidade, comentando idéias discutidas na ocasião, na busca de soluções para o problema deste grupo de trabalhadores. Às onze horas, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Luiz Braz, Gladis Mantelli e Kenny Braga, o último nos termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Raul Casa, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Reunião.
A Ata da 2ª Reunião Ordinária está distribuída em avulsos.
Em votação a Ata. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Sr.ª 1ª Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições
encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Não há proposições
encaminhadas à Mesa hoje.
O SR. PRESIDENTE: O ementário do Expediente
está distribuído em avulsos.
A Mesa submete ao Plenário Requerimento de sua autoria, solicitando a
inversão da ordem dos trabalhos.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Com a palavra, o Ver. Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, dizem que em fim de governo até o cafezinho se torna frio e difícil
de ser conseguido. Isso, contudo, não impede que a autoridade tenha que ser
exercida de forma como se o primeiro dia de governo fosse. Faço esta
consideração diante de inúmeros problemas de ordem pública que estão a afetar,
principalmente, a administração estadual com referência a serviços públicos.
Nesta parte gostaria de chamar a atenção do Ver. Hermes Dutra, que é vinculado
a uma grande estatal cujos serviços não apenas estão em total desorganização,
mas já agora até fazendo com que haja riscos nos consertos e nas suas lides
normais. Falo isso porque há mais de 15 dias, na rua onde moro, a Rua Rodolfo
Gomes, a CEEE resolveu substituir os postes onde estão também ligados os fios
telefônicos. É de se ver o descalabro, a insegurança, o risco público com que
este serviço foi efetuado, deixando-o até incompleto. A CEEE, ao fazer a
substituição do poste, simplesmente desorganizou a rede telefônica, deixando
fios em precárias condições de conservação de forma a criar grave perigo pela
maneira como foi deixado.
Ainda na semana passada, naquela rua, um caminhão de mudanças bateu nos
fios frouxos, fazendo com que ficasse pior a situação. Pedimos, reclamamos,
apelamos para a CRT, mas não tem surtido efeito. E vejam que as empreiteiras,
que, parece-me, são encarregadas por esse tipo de trabalho, têm os seus
trabalhadores prontos para entrar em greve na segunda-feira, pois estão
pretendendo uma série de vantagens.
Creio que o Governo Estadual tem o dever e a obrigação de zelar pelos
mais comezinhos deveres de atendimento público. Não é por nada, mas tanto a
CEEE quanto a CRT são um dos mais graves problemas da Administração Pública. A
CEEE, então, é algo que está a merecer um estudo, não sei se administrativo,
psicológico ou qualquer outro nome, mas é simplesmente uma lástima o que a CEEE
faz com a população em termos de queda de tensões, mal-atendimento e
desatenção. O mesmo se pode dizer da CRT. É melancólico, é triste que um
governo, ao seu final, que assumiu sob os auspícios mais alvissareiros de
esperança do povo gaúcho, chegue ao fim de forma tão melancólica no que se refere
a serviços públicos, cujo retrato maior são os serviços da CRT e CEEE.
Fica aqui, pois, o nosso apelo ao Sr. Governador do Estado para que, já
em fim de mandato, apele ao espírito público dos homens que integram os corpos
funcionais, tanto da CRT como da CEEE, para que não deixe a população na
situação em que se encontra, ou seja, de absoluta desatenção, de total
desrespeito e de uma balbúrdia que pasma ao mais paciente homem interessado em
trazer para a população o bem-estar e a segurança. A CRT já é um problema de
segurança pública, a CRT já é um problema de total descalabro pela maneira como
vem gerindo as comunicações em nossa Capital. Só nos referimos, evidentemente,
ao preocupante assunto que é a segurança pública. Tenho visto, e li na
manifestação do Ver. Isaac Ainhorn, repetindo já vários pedidos de
providências, pronunciamentos nossos, pois moramos há muitos anos na mesma
região, que possui a situação de terra de ninguém, que é a Avenida Osvaldo
Aranha, principalmente à noite. Lá há o pânico, o desespero, o medo dos
comerciantes da zona. Só quem vai visitá-los pode avaliar o medo de represália,
o pânico de que são tomados cada vez que escurece. É até comovedor, Ver. Isaac
Ainhorn. Nós, que, durante muitos anos, moramos na Rua Barros Cassal e acompanhamos
os problemas, por exemplo, do Instituto Flores da Cunha, vimos com muita
satisfação a incorporação, o apelo, a preocupação do Ver. Isaac Ainhorn em
abordar um assunto que não é apenas dele, meu, ou desta Casa, mas é da nossa
Cidade.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu cumprimento V.Ex.ª pela intervenção e pelo assunto
que traz à tribuna desta Casa na manhã de hoje e adito ao seu pronunciamento
algumas considerações sobre a matéria que eu acho fundamental. Realmente,
V.Ex.ª enfoca bem o assunto quando diz que este problema não é do Ver. Isaac
Ainhorn, nascido no Bairro Bom Fim, ou do Ver. Raul Casa, que se criou e que
por muitos anos viveu na Rua Barros Cassal, mas o problema tem uma dimensão
muito maior, que envolve as novas gerações. A falta de perspectivas destes
jovens deixa-os desnorteados, perambulando pela noite. Suas energias, ao invés
de serem canalizadas para uma atividade com resultados positivos do ponto de
vista de contexto de vida e de sociedade, infelizmente são jogadas para o lado
da violência de uma juventude castrada, sem nenhuma perspectiva de vida e que
atua desta forma.
Eu, mais uma vez, cumprimento V.Ex.ª e digo que as razões mais
profundas desta problemática encontram-se na crise de nossa juventude, dos
adolescentes de hoje que perambulam por aquele bairro à noite. Não somos contra
todas manifestações culturais da juventude à noite, mas, pelo contrário,
solidarizamo-nos com ela, desde que nela não esteja embutida a filosofia da
violência, que mais lembra os tempos de Hitler no Governo antes da 2ª Guerra
Mundial.
O SR. RAUL CASA: Incorporo, com muito
prazer, o aparte de V.Ex.ª. Eu gostaria de fazer um agradecimento e um elogio a
S.Ex.ª o Sr. Prefeito Municipal por assinar vantagens ao funcionário público
municipal, de autoria deste Vereador, com referência aos avanços por tempo de
serviço trazido de fora para o Município. Reconheço as dificuldades de S.Ex.ª e
vejo que, quando ele pode, faz, como no caso ora proposto por nós, que foi de
fazer com que o tempo de serviço prestado fora do Município seja contado para
fins de avanços, os triênios. Isto não foi vetado por S.Ex.ª, mas, ao
contrário, foi assinado, trazendo mais uma vantagem ao funcionário público
municipal. Congratulo-me com S.Ex.ª, que deu demonstração de boa-fé e
boa-vontade em atendendo ao pedido deste Vereador naquilo que é uma velha
aspiração do funcionário do Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores, traz-me à tribuna, na manhã de hoje, a análise de um problema que
julgo dos mais sérios em relação aos serviços inerentes à atividade da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Trata-se do problema do lixo em nossa
Cidade, mais especificamente do órgão encarregado dos serviços de limpeza da
cidade, o DMLU.
Dias atrás, mais precisamente há dois dias, o Sr. Prefeito Municipal, em entrevista coletiva à Imprensa, salientou que, embora sem recursos, o recolhimento do lixo, que funciona em dias alternados, o chamado recolhimento doméstico, vai muito bem, obrigado, em Porto Alegre. Aliás, diga-se de passagem, nas pesquisas levadas a efeito, há poucos dias, a coleta de lixo foi um dos itens que os questionados responderam encontrar-se em nível satisfatório, razão pela qual o Sr. Prefeito afirmou que o lixo vai bem, obrigado. Entretanto, preocupa-nos um outro aspecto com relação ao lixo de nossa Cidade, decorrente do serviço que possui o DMLU. Sabe-se que o serviço de coleta de lixo regular das ruas da cidade de Porto Alegre em dias alternados é feito por empresas privadas, contratadas através de licitação pública, de empreitada, enquanto que outros serviços de limpeza da Cidade, de recolhimento de lixo, que não o domiciliar, são feitos pelo próprio DMLU. E para tais serviços, quando se iniciou a Administração Collares, Ver. Raul Casa, o DMLU tinha sete caminhões, sendo que, desses sete, cinco não tinham as condições necessárias para o seu funcionamento. Cinco caminhões encontram-se paralisados. E por quê? Porque não há peças para reposição; porque os carros que fazem esse serviço e que pertencem ao Departamento foram adquiridos ao final da década de 60 e alguns no início da década de 70. Então, não são necessários grandes conhecimentos para perceber-se que estes caminhões, no uso diário, com a intensidade com que eles são solicitados, vão tornar-se sucata, ferro velho e cujo conserto, muitas vezes é mais caro do que se abrir licitação para aquisição de novos. Aliás, diga-se de passagem, a Câmara até autorizou a aquisição de Mercedes Benz para o serviço de limpeza e coleta do lixo da Cidade. Então, o que fazer? Nossa sugestão é a que foi transmitida pessoalmente ao Diretor do DMLU, o qual, diga-se de passagem, gostou da idéia, achou satisfatória a idéia da criação de um serviço, dentro do DMLU, sob a denominação de pronto-lixo. Vivemos na época do chamado pronto-socorro, porque o Governo que enfrenta dificuldades na sua atividade normal, atividade de natureza financeira, tem que recorrer ao pronto-socorro do lixo, ao pronto-socorro da praça, da saúde etc. Então, tudo é motivo de socorro, SOS. Portanto, a criação de um pronto-lixo com que finalidade? Exatamente um serviço de atendimento às pessoas que comunicam: “olha, estou telefonando porque lá, na Rua General João Telles, encontra-se um depósito de lixo, causado pelo caminhão de alguém que jogou aquele lixo lá”.
Sabemos que há uma falta de preparo, uma falta de educação da nossa
gente para este problema. Muita gente não tem a menor noção de sentir a
importância da colaboração que cada um tem para dar, pessoalmente, quanto ao
problema do lixo. Deve haver uma educação para a convivência social. Mas este é
outro aspecto. O fato é que o lixo está lá. Então, a solução seria o serviço de
pronto-lixo. Os papeleiros fazem triagem do lixo dentro das vias públicas.
Sabemos o drama que esta gente enfrenta, mas a Cidade precisa viver em
condições. O pronto-lixo é a solução. Com quais equipamentos funcionaria o
serviço? Aí vem a nossa proposta: já que o DMLU não tem caminhões
especializados, seriam contratados caminhões-caçambas de motoristas autônomos.
Se o DMLU não tem o necessário equipamento para o atendimento, contrata-se
caminhões, tão-somente, porque funcionários e motoristas o DMLU tem. O
equipamento seria contratado através de uma situação emergencial, utilizando-se
caminhões-caçambas que fariam esse serviço, a exemplo do que fazem nas praias,
onde contratam caminhões, por três meses, destinados ao serviço de coleta de
lixo, porque lá, evidentemente, a coleta de lixo é intensa somente no período
de veraneio.
O Sr. Raul Casa: V.Ex.ª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Esta Casa assistiu a candentes discursos e até a uma
ação proposta na justiça por um ilustre companheiro da Bancada de V.Ex.ª, o
Ver. Paulo Satte, para que o lixo fosse recolhido diariamente. Mas também
somo-me aos elogios ao ilustre Diretor do DMLU, nosso companheiro Ver. Vieira
da Cunha, que não tem medido esforços para trazer a Cidade, tanto quanto
possível, limpa, embora sejam muitas as reclamações. Aliás, o serviço, neste
último levantamento, até foi considerado um dos bons serviços da Administração
Alceu Collares, recebendo uma alta nota. As dificuldades que V.Ex.ª expõe
realmente se chocam com a realidade. Já existe um serviço de reclamações do
DMLU, que atende até com certa presteza, Ver. Isaac Ainhorn. Existe esse
pronto-socorro, talvez não com o nome e a criatividade com que V.Ex.ª expõe. Em
todo o caso, quero-me somar, dizer que a idéia é boa e poderá contar com meu
apoio e incentivo. Também digo que estaria na hora de o ilustre Ver. Paulo
Satte renovar a ação para que o recolhimento do lixo fosse diário, como fez o
Governo Villela, pedindo, até, o “impeachement” de S.Ex.ª
O SR. ISAAC AINHORN: Eu digo a V.Ex.ª,
concluindo o meu pronunciamento, que o que falta são equipamentos para tal fim.
Então, a criação do pronto-lixo permitiria ao Diretor do DMLU fazer
essa contratação emergencial de caçambas, porque não adianta receber as
reclamações e não ter condições de atendimento, pois as reclamações se somam,
amontoam-se no DMLU. A nossa sugestão é a de que, através da criação do
pronto-lixo, se fizesse a contratação de caminhões-caçambas, usando-se a
própria mão-de-obra dos motoristas especializados nessas caçambas e que o DMLU
tem. Assim, poderíamos responder à necessidade da cidade num dos problemas mais
sérios e difíceis no mundo, que é a coleta do lixo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito, Ver.
Hermes Dutra, está com a palavra.
O SR. HERMES DUTRA: Sr.ª Presidente, Srs.
Vereadores, lamentavelmente algumas mudanças que se anunciavam na Nova
República não se efetivaram. Uma delas é quanto a proporcionar à empresa
estatal condições de bem desenvolver as suas atividades. É sabido que a empresa
estatal não tem por finalidade o lucro, é óbvio. Ou ela preenche o espaço
estratégico cujos interesses têm que ser subordinados ao Estado, aos interesses
da Nação, ou, eventualmente, preenche espaços em que a iniciativa privada, no
momento, não tem condições ou não deseja preencher. Dentro desta característica
é que aceitamos a participação do Estado na economia. Há setores que, ao longo
dos anos, efetivamente, demonstraram um bom gerenciamento, possibilitando não
só o desenvolvimento da tecnologia altamente nacional, como, sobretudo,
proporcionando ao País economias a valiosas divisas que não fujam, diariamente,
diante da política forte, violenta, insensível dos grandes países
desenvolvidos. Cabe destacar, neste aspecto, empresas como a Petrobrás, Cia.
Vale do Rio Doce e, de forma particular, o sistema Telebrás e o sistema
monopolista que detém o monopólio do sistema de telefonia nacional. A Telebrás,
que congrega a quase totalidade das empresas de telecomunicação no País,
funcionando como “holding”, conseguiu, através de um centro de pesquisas
tecnológicas na cidade de Campinas, desenvolver uma série de tecnologia
genuinamente nacional, livrando-nos das garras da importação de tecnologia ou
do pagamento de “royalties” ou da subordinação aos interesses das grandes
empresas multinacionais. É claro que não se conseguiu, ainda, na área de
telefonia, uma libertação em termos de tecnologia e nem se pode admitir que um
país queira desenvolver 100% da sua tecnologia de telefone, quando existem
itens, existem fatores nesta área de tecnologia que até nem é interessante a um
país desenvolver para si próprio, dada, muitas vezes, à falta de demanda. É
mais interessante que um país desenvolva tal tipo de tecnologia e a distribua
para outros países em troca do recebimento de outra tecnologia da mesma área,
mas de setor diferente.
Hoje, somos um dos quatro ou cinco países do mundo que tem uma
tecnologia própria de fibra ótica, até questionada por muita gente que entendia
que uma tecnologia de alta qualificação seria desnecessária ao Brasil.
Entretanto, os técnicos da Telebrás, junto com a Universidade de Campinas e
algumas empresas particulares, depois de longos anos de trabalho, conseguiram
criar as centrais que possibilitam, através da tecnologia digital, chegar ao
clímax em termos de tecnologia de centrais de computação telefônica, totalmente
por computadores eletrônicos, fazendo com que tenhamos essa tecnologia, já a
partir deste ano, em São Paulo, e, em breve, em todo o País. Sem contar com as
fibras óticas, já em pleno desenvolvimento na fase industrial, somos um dos
poucos países do mundo que tem esta tecnologia. Para que V.Ex.ªs
tenham uma idéia do que significa isto, um par telefônico, dois fios de
telefone permitem que duas pessoas falem uma com a outra. Este mesmo par
telefônico, colocado com equipamentos em ambas as pontas pode multiplicar por
15 esta utilização. Ao invés de duas, 30 pessoas falam ao mesmo tempo com um
par de fios. É o que se consegue fazer com o par telefônico; esgota-se a
capacidade de tecnologia nesse setor, pois um fio de fibra ótica, que é mais
fino que aquele fiozinho do telefone que temos em casa, permite que 1.800
pessoas falem ao mesmo tempo. Vejam V.Ex.ªs o passo verdadeiramente
de sete léguas que se dá em tecnologia, sem contar os inúmeros desenvolvimentos
que as empresas de norte a sul do País fazem, estão fazendo e irão fazer com
vistas a agilizar mais o setor de comunicações nacional. Nossa CRT desenvolveu
três ou quatro sistemas que hoje são utilizados a nível nacional em inventos
para melhorar o atendimento telefônico. Vai desde o bloqueador do tráfego
originário, que é aquele que, quando a pessoa não paga o telefone, permite que
ela receba, mas não faça ligações para que o sistema continue gerando renda,
até a sistemas mais sofisticados de verificação e supervisão de vias
telefônicas. Estou fazendo esta digressão sobre tecnologia para mostrar que,
quando o Governo investe, cabeça e massa cinzenta nós temos.
Agora, tem gente que, infelizmente, insiste em inviabilizar a empresa
estatal, e particularmente na área de telefonia, fazendo um arrocho das
tarifas. Ora, sabemos que, se uma indústria faz um produto e esse produto não é
vendido por um preço no qual esteja incluído o custo e o lucro razoável, essa
empresa não pode se desenvolver. Se a empresa estatal não visa o lucro, não
pode ter prejuízo. Isto é essencial. E, lamentavelmente, no setor de telefonia
nacional, de uns anos para cá, processa-se este arrocho de tarifa, lançando-se
nas contas telefônicas taxas de um cruzado, de 10 cruzados que sequer compensam
o sistema de lançamento, com a falsa idéia de que devemos aumentar preços do
governo. Com isso, estão-se descapitalizando as empresas de telecomunicações e,
quem sabe, preparando a sua inviabilização.
O País, hoje, tem uma demanda reprimida de quase 5 milhões de
telefones. Isto quer dizer que se, de um momento para outro, o Governo Federal
puser no País à venda 5 milhões de telefones, eles encontrariam compradores.
Vejam V.Ex.ªs que o Governo tem como meta, para este ano, em todo o
País, um milhão de terminais. O sistema de telefonia nacional é plenamente
auto-sustentável. Se pegarmos a ORTN de 10 anos atrás, e a OTN de hoje, se
pegarmos a tarifa telefônica de 10 anos atrás, vamos ver que ela está,
praticamente, defasada pela metade, exigindo das empresas um esforço
sobre-humano para conseguirem, mesmo aumentando seus custos de pessoal quase
que numa progressão geométrica, o aumento de sua receita, num destaque
gerencial que é bom até certo ponto, porque a economia, quando atinge a um
determinado ponto, não se torna mais interessante, sob pena de comprometer o
serviço. E hoje nós assistimos e ouvimos críticas quase que diárias às empresas
de telefone - no nosso caso, a CRT - quando, se estão nessa situação, é por
injunção eminentemente política dos governos federais e de alguns governos
estaduais, que não dão o valor que essas empresas merecem. Falo isto também a
propósito da mudança de administração que vai se processar no Rio Grande. Quando
um novo governo assume, os funcionários, os usuários da empresa assistem, com
angústia, a uma não-definição sobre a questão da CRT. E, da tribuna, quero
fazer um apelo ao PMDB, que vai assumir o poder, ao Governador Pedro Simon, que
venha a público, de imediato, dizer que pretende fazer com a CRT, porque a
angústia, no meio dos funcionários, é muito grande. Até agora se vêem técnicos
do novo governo falar em rolar a dívida, em fazer isso e aquilo, mas ninguém
fala em injetar recursos na Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações, e, sem
recursos, a Companhia não vai andar. Ou será que o PMDB já está preparando
terreno para entregar a CRT à Telebrás. Então, é a indagação que faço da
tribuna e que espero que o PMDB responda. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr.ª Presidente, Srs.
Vereadores, como a CRT foi brindada nos últimos dois pronunciamentos como tema
principal, gostaria, nesta oportunidade, de fazer uma manifestação muito clara
e objetiva de agradecimento ao Governador Jair Soares, que encerra o seu
mandato muito em breve, pelo atendimento e esforço que fez junto à CRT e,
evidentemente, estendendo este agradecimento ao Presidente Lauro Santos Rocha,
satisfazendo uma necessidade absoluta com referência à comunidade tanto do
Centro da Cidade como à do Lami. Durante longos anos, a comunidade do Lami
esteve completamente isolada do Centro da Cidade, que dista 40 quilômetros do
extremo da Zona Sul de Porto Alegre.
Mais adiante, Belém Novo passou a ter uma central e foi possível, com
muito esforço, localizar-se no Lami três aparelhos telefônicos como extensão da
central de Belém Novo, diga-se de passagem, alojados em estabelecimentos
comerciais, possibilitando que a comunidade, em matéria de socorro numa
necessidade absoluta, pudesse comunicar-se com Belém Novo, onde existem a
Delegacia de Polícia, médicos, ou mesmo com o centro da Cidade, se assim fosse
necessário.
Durante o ano de 1986, gestionamos junto a entidades vinculadas à Praia
do Lami a possibilidade concreta de instalação de um cabo da central telefônica
do Lami, estendendo-se por 10 km até aquela localidade. Hoje, pela manhã,
recebi um telefonema de morador da Praia do Lami, falando de um desses
aparelhos que lá está já acoplado, se esse é o termo, ao novo cabo que a CRT
concluiu, que possibilitará a imediata instalação dos 12 aparelhos telefônicos,
que curam os 10 km da Estrada Belém Novo-Lami. Esses aparelhos permitirão que
se conclua uma conversa porque muitas e muitas vezes elas eram interrompidas
com qualquer vento ou chuva que batesse durante o horário da comunicação.
Realmente, para os moradores do Lami é um benefício muito grande que a CRT
acaba de colocar à disposição, ainda mais que, através desse cabo, há a
possibilidade da instalação de uma central comunitária na Praia do Lami,
permitindo que mais 64 aparelhos possam funcionar. Diga-se de passagem,
entreguei ao Presidente da CRT, juntamente com líderes comunitários e
moradores, um documento com mais de cem solicitações, o que comprova que, se a
central foi acionada, ela será totalmente absorvida, já que o número
tecnicamente viável para essas centrais é de 64 e as solicitações o
ultrapassam, num raio de não mais de 500 metros da localização da central. Pelo
estilo de central comunitária, permitirá que, no mínimo, oito pessoas estejam
nos aparelhos, ao mesmo tempo, sendo que essa alternativa obteve muito sucesso
em alguns condomínios em Porto Alegre.
Portanto, é a maneira mais correta - creio - através de um
pronunciamento público, para agradecer o trabalho ao Governador Jair Soares, à
Direção da CRT, que, em pouco mais de seis meses, atenderam à reivindicação dos
moradores do Lami. Passei ainda hoje pela manhã, no momento em que recebi a
ligação, um telex ao Governador do Estado, ainda tendo a petulância, quem sabe,
de fazer nova reivindicação, para que o Governador não esqueça de solicitar à
CRT que imediatamente instale dois orelhões com moedas para que os orelhões
comunitários que lá estão instalados sejam substituídos por orelhões comuns em
funcionamento, em período integral, 24 horas por dia, com fichas à disposição,
é a solicitação que fizemos para instalação na confluência da Estrada do Lami
com Otaviano Pinto, onde há um estabelecimento comercial e um posto de
gasolina. E neste estabelecimento comercial já existe um aparelho comunitário
que poderia ser imediatamente substituído pelo aparelho tradicional, orelhão
com moedas. Acho que o Governador Jair Soares, no final de seu governo, traz,
através da CRT, um benefício muito grande à comunidade do Lami, além do anúncio
do exame técnico que já está sendo feito há mais de seis meses para a
duplicação da central telefônica de Belém Novo, já congestionada, e da central
telefônica da Restinga, o que proporcionará uma grande oportunidade para os
moradores de Belém Novo adquirirem uma linha telefônica.
Agradeço de público ao Governador Jair Soares e ao Presidente da CRT
Lauro Santos Rocha pelo esforço que fizeram em atender à comunidade do Lami e
Belém Novo. Certamente que as novas solicitações serão encaminhadas ainda ao
Governo atual, mas atendidas pelo futuro Governo, que não deixará à margem
comunidades tão longínquas do centro da Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. WERNER BECKER: Solicito uma Comunicação de
Liderança, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Com
a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e funcionários da Casa, ouvi hoje pela Rádio Pampa um comentário em
relação ao Substitutivo por mim apresentado e endossado pela maioria da
Comissão Especial sobre o Plano Diretor. Diz que não sabe quem redigiu o
Substitutivo e diz a informação que vão distribuir cartazes com o seguinte
teor, pela Cidade: “procura-se quem redigiu o Substitutivo”. Eu quero dar uma
pista. Procurem os detratores do Substitutivo já no pequeno universo dos
competentes, porque há 20 dias eu venho desafiando a qualquer um, técnicos,
composição política definida que venham discuti-lo em privado e publicamente
comigo, sem os delírios de uma semântica desprovida de conteúdo. Não é nada
pessoal, Ver. Antonio Hohlfeldt. É ideológico, e V.Ex.ª já fez a diferenciação.
Quando me dispus a discutir com V.Ex.ª na Comissão Especial o Substitutivo,
V.Ex.ª evocou vários artigos e pedi para tomar nota. Vossa Excelência, numa
insinuação clara e maldosa, disse que não precisava tomar nota, mas é que
V.Ex.ª fala tão rapidamente, que quero tomar nota para responder. Mas não tem o
Ver. Antonio Hohlfeldt obrigação de responder ao que digo, nem vou tomar V.Ex.ª
como isentamente. É a primeira oportunidade em que ele vê o art. 22 do
Substitutivo. Relembrei ao Vereador que o art. 22 estava no projeto anterior,
não no do Prefeito Collares, que vigorava há 10 dias e que tinha sido inserido
pelos próprios assessores do Secretário do Planejamento - aquele art. 22, que
fala em conselhos que podem se transformar em conselhos-fantasmas. Se tiver que
me pronunciar novamente sobre o assunto, direi que o art. 22 deve permanecer.
Então, vejam V.Ex.ªs: o Ver. Antonio Hohlfeldt deve conhecê-lo e
poderá dizer: “Não vim aqui para discuti-lo, vim exemplificá-lo”.
Encontra-se aqui o redator do Substitutivo - desculpem a vaidade -
talvez no universo pequeno. Se alguém fizer alguma objeção ao Substitutivo, do
ponto de vista político-social e com coerência técnica e que não reduza a
denúncia a um discurso delirante, desafio a Câmara, desafio de público. Tive a
satisfação de, honradamente, receber da Presidência do Instituto dos Arquitetos,
num debate, a afirmativa de que naquele momento não tinha ela condições de
objetar especificamente o caso e disse que o Instituto dos Arquitetos - isso há
mais de quinze dias - estaria disposto a fazer essa discussão comigo. Estou
aberto. Para finalizar, procura-se, no rol dos competentes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Retornamos às Comunicações.
Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim. Ausente. A seguir, o Ver. Antonio
Hohlfeldt. V.Ex.ª tem 10 minutos.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Prefeito Alceu Collares anunciou ontem um ajuste salarial de 25%
ao funcionalismo público municipal a viger a partir de 1º de março. No encontro
ocorrido ontem entre S.Ex.ª e lideranças do funcionalismo público municipal,
alegou S.Ex.ª a Sr.ª Secretária Municipal da Fazenda que a Prefeitura precisa
investir na Cidade, investir em obras e que, por isso, não tem condições de
ampliar os salários dos funcionários. Ora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece-me
que no caso do Poder Público, como no caso de qualquer empresa, nenhum
investimento é melhor do que o que se faça aos seus funcionários, porque de
nada adianta nós termos material. De nada adianta nós termos projetos, nós
termos equipamentos se nós não tivermos equipes capazes e satisfeitas em
trabalharem em determinado setor e por isso mesmo desenvolver o serviço que lhe
compete. O Ver. Aranha Filho, que tem uma experiência em empresa privada, como
também eu tenho, enquanto jornalista, enquanto professor, sabemos, Vereador,
que se um professor, um engenheiro, um funcionário não está contente com o seu
salário, mais do que isto, se nós nos preocupamos com o fato de que o salário
acabe antes do mês, evidentemente nós não daremos a rentabilidade ideal para
nossas tarefas porque estaremos nos preocupando em arranjar o dinheiro que
preencha as nossas deficiências. Parece, portanto, equivocada, profundamente
equivocada a política do Prefeito Alceu Collares, que se deve investir em
obras. Que se tem cobrado investimento em obras é bem real, é bem concreto, mas
que também deve o Sr. Prefeito Municipal ter clarividência na instituição das
prioridades administrativas parece-me que é uma obrigação de S.Ex.ª, que diz da
sua competência ou não na gerência do negócio público. Tivemos, por “n”
motivos, nos quais diria que esta Casa é a menos culpada, é a menos
responsável, algumas frustrações em relação à possibilidade do erário
municipal. Lembro aqui o famoso episódio, ainda em discussão, dos novos valores
do IPTU. No entanto, e eu já alertava isso em um discurso nesta tribuna,
entendo que não se pode culpar e castigar os funcionários públicos municipais
por acontecimentos que, no máximo, envolveriam uma disputa política entre
Executivo e Legislativo, mas que, em nenhum momento, colocou o interesse do
funcionário público em xeque.
O Sr. Prefeito Municipal descumpre com o anúncio de ontem, descumpre
com absoluta clareza a Lei Maior sobre o gatilho salarial. Observem: até prova
em contrário, o gatilho se aplica em todas as situações, inclusive aos
servidores públicos federais, estaduais e municipais. Deveria viger, conforme a
Lei, a partir de 1º de janeiro e jamais a partir de 1º de março, como pretende
S.Ex.ª. Mais do que isso, a defasagem dos funcionários públicos municipais com
essa decisão, para ficarmos em números oficiais, será de, aproximadamente, 33%,
segundo os dados que colhi junto aos advogados que acompanharam o grupo de
funcionários na audiência com o Sr. Prefeito Municipal ontem.
Preocupa-me, sobretudo, o fato de que, ao atrasar uma reposição
salarial, que não chega na verdade a ser uma reposição plena, o Sr. Prefeito,
na verdade, esteja fazendo um segundo jogo, que é o de se negar a dar novos
aumentos, novas reposições nos meses vindouros, quando, indiscutivelmente, a se
manter o horizonte financeiro que temos projetado para o Brasil, 87 teremos
novos disparos no chamado gatilho salarial, novas reposições salariais, talvez
até mesmo mensais.
O Sr. Alceu Collares foi eleito e fez uma campanha muito voltada para o
funcionalismo público municipal. Parece-me que esta é mais uma das frustrações
que o Prefeito de Porto Alegre tem gerado ao funcionalismo público. Lembre-se
que, logo após sua posse, foi a manutenção dos Vetos ao Plano de Carreira e ao
Estatuto, posteriormente foi a retomada de uma medida corriqueira na
Administração do PDS, em que o Sr. Alceu Collares repetiu arbitrariamente,
através de decisões internas de ordem de serviço, de portaria, a retenção, ou a
negativa de pagamento de licenças e de férias; decisões que ferem frontalmente
o Estatuto e o Plano de Carreira do funcionalismo público municipal. Além do
fato da infeliz posição do Executivo, temos a lamentar que também a entidade
que congrega os funcionários não tem se mostrado, no meu entender, à altura da
situação. É bem diferente o que vemos hoje na atuação da AMPA em relação a
período de anos atrás, ainda na administração do PDS. É interessante observar
que em nenhum momento pudemos projetar sequer um movimento mais unitário do
funcionalismo e diria eu, infelizmente, por absoluta falta de comando, por
absoluta falta de combatividade da entidade que os deveria representar. Nesse
sentido, preocupa-me, sobretudo, o fato de que, em havendo defasagem salarial,
nós teremos uma crescente piora da qualidade do serviço público, uma falta de
vontade permanente daquele servidor que, preocupado com seus problemas
particulares e, diga-se de passagem, com justiça, não estará desenvolvendo o
máximo da sua potencialidade em relação àquilo que poderia dar à Cidade. Nesse
sentido, eu diria que o Prefeito Alceu Collares erra, profundamente, ao
entender que investir em obras é mais prioritário do que investir em pessoal.
Talvez tenha errado S.Ex.ª em não fazer aquilo que o novo Governador anuncia
que fará: uma revisão da política de pessoal, talvez a retirada do excesso de
contingente do funcionalismo, que aparece para receber e não aparece para
trabalhar, que existe no Estado, que existe a nível federal e que, todos nós
sabemos, existe, também, na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Corrigir isto
era uma necessidade que não se fez, que não se teve coragem, que não se teve
força. Penalizar a todo o funcionário público municipal remanescente parece-me
que é, na verdade, penalizar a cidade de Porto Alegre como tal.
Por fim, o registro, fora desta questão geral: parece-me que se
multiplicam perigosamente situações isoladas de práticas que eu diria quase de
injustiça institucionalizada contra funcionários. Eu quero me referir ao grupo
de 10 professoras da Secretaria Municipal de Educação e Cultura que receberam
comunicados, no último mês, que cessava, a partir de 1º de janeiro, o pagamento
do RDE a que elas tinham direito. Mais grave é que três destas professoras já
incluíram por decurso dos dez anos estes pagamentos nos seus salários e a
Secretaria da Administração, infelizmente, não vem atendendo às reivindicações
destes funcionários no aspecto que lhes é absolutamente legal, legítimo e
indiscutível.
Parece-me que, realmente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, existem
alguns desmandos, alguns desvios, e eu espero que, no decorrer deste ano e com
a participação, na medida do possível, desta Casa, possamos colaborar com o Sr.
Prefeito Municipal para que os mesmos sejam corrigidos, inclusive quanto ao
salário e à reposição salarial. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. LUIZ BRAZ: Tempo de Liderança, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Kenny
Braga): Com
a palavra, o Ver. Luiz Braz em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, fico na obrigação de fazer um registro da visita que fizemos,
ontem, ao Sr. Prefeito Municipal, juntamente com um grupo de camelôs, sobre um
assunto que foi debatido na manhã de ontem, aqui, neste Plenário, por parte
daqueles Vereadores que opinaram sobre a não-concordância dos dois turnos. E
dizia o Ver. Aranha Filho sobre o Sr. Prefeito Municipal que, de 404 espaços,
hoje em dia, ocupados por ambulantes e camelôs, têm que ser divididos pelo meio
para sobrar um espaço suficiente para a passagem de caminhões de bombeiros e
ambulâncias que, por ventura, tenham que penetrar por aquela área.
Acho que a preocupação do Sr. Prefeito realmente tem um fundamento. O
que não tem fundamento é a adoção de dois turnos. Com os dois turnos, teríamos
que ter um alvará, ou melhor, alvarás especiais para o mesmo espaço. Seriam
dois alvarás para duas pessoas diferentes, trabalhando, ambas, no mesmo espaço.
Teríamos o problema de carga e descarga no centro, no horário das duas horas ou
do meio-dia, de acordo com as várias opções que estavam sendo colocadas. Ontem,
na visita dos camelôs ao Sr. Prefeito Municipal, de repente se acendeu uma luz
- e faço questão de que este registro possa ser feito hoje, neste Plenário -
quando o Sr. Prefeito disse que aquelas medidas que ele deveria tomar quando
assumiu o governo diziam respeito àqueles que haviam adentrado no serviço até
janeiro de 85. Os velhos, os antigos, realmente vão permanecer. Os que são
considerados penetras, os que vieram depois vão ser retirados, com
possibilidade de transferência.
Disse também o Sr. Prefeito que haveria necessidade de se fazer uma
peneira, uma seleção maior naqueles que têm o alvará para que não continuem
agindo como agora, distribuindo o alvará entre seus parentes, distribuindo
cinco, seis bancas, bem no coração da Cidade, em detrimento de outros camelôs e
ambulantes que, por ventura, também precisem manter a sua banca no Centro, para
o sustento de suas famílias.
Espero que o Sr. Prefeito Municipal - e eu confio no Sr. Prefeito -
realmente cumpra o que disse, ontem, à risca, já que os Senhores sabem que as
últimas administrações não têm tido sucesso quando pretendem fazer essas
modificações que o Prefeito anunciou na audiência aos camelôs. Geralmente
quando se tenta tirar camelôs, ambulantes, penetras, não existe sucesso, até
porque eles são usados politicamente por vários setores administrativos da
SMIC. Se isso realmente vier a acontecer, quero, de antemão, cumprimentar a
Administração Municipal, porque será a única, nos últimos dez anos, ou mais,
que viria a fazer realmente alguma coisa para melhorar o nosso Centro da
Cidade. Se isso não acontecer e se realmente voltarem a teimar quanto à questão
dos dois turnos, Ver. Cleom Guatimozim, coisa que vem sendo amplamente
divulgada pela SMIC, com os dois turnos estas pessoas não teriam condições de
sobrevivência e o problema não será resolvido. Eu dizia que, acontecendo o
anunciado pelo Sr. Prefeito Municipal, a retirada dos penetras na praça, com a
permanência, com a fixação de uma espécie de alvará permanente para aqueles que
já são antigos e tradicionais, resolveríamos em definitivo o problema de
camelôs e ambulantes no centro de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Constatada a inexistência de “quorum” para a realização da Ordem do Dia,
declaro encerrados os trabalhos da presente Reunião, convocando os Srs.
Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Estão
levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Reunião às 11h.)
* * * * *